viernes, 4 de enero de 2008

Retrato

Ainda que sinta nas narinas o invisível ar não sei exatamente o que em mim se encerra a cada respiro. Mas sinto que morro nesse constante movimento.

Meu corpo de animal perfeito é e esta aí prazeroso deleite de alguns poucos eleitos.
Me sinto bem, mais pela minha condição de ser e não me saber frágil do que pela minha capacidade inventiva de ser forte.

Em verdade sou solitária e colada a meu corpo animo a vida. Esse estado de espírito obscuro e limitado que muito me custa compreender.

Me sei azul mas, azul é muito calmo e ser calmo é como estar morto e acordado. Prefiro estar sempre escapando, me pinto vermelho, sangue de todas as cores e vou vivendo meus dias e minhas dores me sendo apenas na noite.

Quase uma agonia!

Um copo de mel deitado ao mar. Nem não sou doce. Nem não sou mar.
Um corpo nascido de outro corpo que a outro corpo se entrega (o teu já se deduz).
Um ser de carne e luz em pele de água viva. Toca-me! É preciso saber da água porque nela o fogo se reduz.