I.
É justo que tu
Guardes contigo
Dentro da alma
Num canto escondido
A minha lembrança
De agitada calma
(e eu sei que me pensavas perigo)
É justo amigo
Que caminhemos agora
Iguais
Apenas em distância
E que todas as nossas
Futuras lembranças
Se façam de silencio
De silencio e constância
Ignorantes do “se vivêssemos”
Seriam...Talvez
Seriamos vingança.
Mas, ainda assim
Tenho pra mim
Como crença infundada
Que tudo que se guarda
Escondido num canto
De dentro da alma
Permanece encanto
Esquecida calma
Transmutada
Em agitado pranto
(e eu sei que me pensavas dada)
II.
De ti agradava-me
O ávido havido
(Agora olvidado)
Que carrego comigo
Que dançava-me dando
Tremor e gemido
E dizias-me no ouvido
Ais e ais senhora que se passa contigo?
(e eu sei que me sondavas dormindo)
Ais e ais meu senhor
Se passa comigo que ardo
Que arde-me fugidio
Com medo do alarde
Com medo sofrido
De sono insondável
De sonho perdido
Guarda-me que ardo
Guarda-me ambíguo
III.
Ao menos me deves
O que me destes
Flores mortas
Que não florescem
Nem exalam
Perfumes nem cores
Não carecem de água
Não sentem mais dores
Como a impressão
Que a alma
Tem de estar viva
E vivendo calada
Já ter morrido
E esquecida de si
Não ter sido enterrada
A morte não a leva
Sempre recata
Assim esse amor
Tem sido
IIII.
Intacto
Estás gravado
em meus olhares
em todas as dimensões
em todos os lugares
ouço canções
ouço cantares
sem emoções
Estás como que escrito
Nas entrelinhas que cruzam
O meu destino
As minhas mãos
Têm desatinos
IV.
Toca-me
E eu cantarei
A ultima vez
Em teu ouvido
A minha tremida voz
O meu sopro gemido
Há tanto tento te ensinar
a me guardar contigo
Por isso vê-me calar
Por isso e não por aquilo
Antes de ti perder de mim
De ti
Já te encontras perdido
Em cada canto
Das graças mais “artifeitas”
Que te encantas
De tantas e tantas
E não há
Muito pra se encantar
Rejeitas o que em mim
Sabe brilhar
Me deixa-me
Contigo
V.
Existes como uma espécie de rio
Largo cortante corredio
E permanente
Ama-me em tudo
Dá-te completamente
Porque tua lembrança brilha
Como uma estrela cadente
Guarda-me amigo
O tempo que testa
É o resto do abrigo
viernes, 4 de abril de 2008
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