martes, 3 de junio de 2008

Canto para uma incerta ausência (continuação)

Canto porque te ausentas
E por esse nó
Que nos tenta desatar
Canto porque pressinto
Que só de ausência e som
Será feito o amor
Que se apresenta

E te absorvo intensa
Intima
Respiração e ar
Não voltes
Se voltas
As palavras fogem do meu canto
E mais cedo ou mais tarde
Eu morro tanto
Que não te levo comigo
Não voltes amigo

Enquanto isso
Eu canto e invento
Um amor feito de estrela
Ambíguo
Tanto sofre quanto brilha
Se esta só e cadente
Não voltes hoje
Nunca mais
E amanha volte
Sempre
De manhãzinha
Com teu sol nascente
Em minha cama
E permite que minha luz
Descanse em tua luz
A sua sombra

E será noite
E sendo noite
Faremos o amor intenso
Dos amantes
Ausentes
Seios na boca
Pele nos dentes
Quem ama e pressente a solidão
Ama demasiadamente

Talitra Rosales