martes, 13 de mayo de 2008

Canção pesada

Mais um dia de trabalho
Muito de mim exigem
Algum dinheiro me pagam
Bastante pra que eu repita:

-Sim eu posso.

E guarde muito bem dentro o:

- Perdão, não posso mais.

Depois que me sugam e me arrasam
Seguem tranqüilos, rumo às suas casas
Filhinhos, mercado, festinha, namoradas
Os esperam e eu desesperada
Tento chegar à aula, mais uma vez,
Estou atrasada, abafada
Depois de trinta minutos comigo engarrafada
Consigo uma vaga no estacionamento
Dessa vaga faculdade paga
Pago pra entender que não sei
E nem vou saber de nada
Que me interesso em saber
- Então tá!
(diz a voz que fala só pra mim)
- Fizeste por merecer!
E eu pergunto
- Acaso fui eu que crucifiquei Jesus?
- Não aumente sua agonia
(a tal voz que fala só pra mim)
E continuo passando o dia
Na extrema melancolia
De ter e perder-se de si e de ser.

3 comentarios:

Eunice Boreal dijo...
Este comentario ha sido eliminado por el autor.
Eunice Boreal dijo...
Este comentario ha sido eliminado por el autor.
Eunice Boreal dijo...

Parte-indo-se na passagem

São longos os labirintos entre as nossas trilhas...
Hora pedra oca, hora cova-partida.
Mas quem está dentro vivo, pulsa...
E grita! Grita! Grita!

São diversos os caminhos dessa vida...
Mas tu que já leu tua própria mão
Sabe, algumas linhas levam até ilhas.
E sabe também que pra caminhos certos,
Precisamos da seta de partida.

São tortuosos os calabouços destas dívidas...
Hora Platão, hora plantarão.
Mas quem colhe sabendo que só está preso,
Nas luzes multicores, sempre encontrará acolhida.

São fases, postes e meros sinais.
Mas vermelho mesmo, é teu peito!
Acalma-te a luz é teu espelho.
Se hoje choras por sorte,
Amanhã já não terás mais degredo.

Vai, segue essa faixa amarela
Que do outro lado dessa janela
O sol renascerá teu peito.

1h43 – 14.05.08

Maria Eunice Boreal